Marcelo Faria, Gabriel Ribeiro e Felipe Gallo
Imagem: Ludopédio
No terceiro episódio do ECOcast, o convidado foi o jornalista Flávio Gomes, que comentou a sua experiência no jornalismo esportivo, sobretudo sobre as mais de três décadas dedicadas à cobertura de Fórmula 1. Ele também contou seu inusitado estágio como jornalista científico, durante passagem pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Flávio diz considerar o estágio na SBPC, em 1984, o seu primeiro real trabalho. E negou que começar numa área tão diferente da desejada (o sonhado jornalismo esportivo) tenha sido um desestímulo:
“Do mesmo jeito que eu decidi muito cedo que queria ser jornalista, eu tinha uma preferência juvenil por esporte. [...] Mas nunca foi uma condição sine qua non para começar na carreira. Eu ‘tava disposto a abraçar a primeira chance que eu tivesse. [...] E quando eu fui chamado por um professor para esse trabalho na SBPC, eu não tive dúvidas.”
Quando perguntado sobre o que havia carregado da sua passagem pelo jornalismo científico para a carreira de jornalista esportivo, respondeu: “Pouca coisa, exceto o saber-fazer do jornalismo. [...] Eu não carreguei isso para o jornalismo esportivo, eu carreguei isso para a minha carreira: o profundo respeito que eu tenho pela ciência. Pelo conhecimento, pelo estudo, pela universidade, pelos cientistas.”
Apesar de gostar de automobilismo, Flávio revelou nunca ter tido a ambição de cobrir especificamente essa área. Ao ser pautado para o primeiro Grande Prêmio, disse não ter se sentido pressionado, pois já estava familiarizado com o esporte:
“Claro que viajar, ter contato com os pilotos, o universo da Fórmula 1, o modo de trabalhar, o modus operandi do campeonato, essas coberturas, tudo mais, isso tudo era novidade, mas não era algo que me chocasse. Então, eu não tive problema nenhum, não. Eu não tremia quando ficava na frente do Emerson Fittipaldi, do Niki Lauda, do Alain Prost, do Ayrton Senna. Eram personagens sobre os quais eu deveria escrever.”
Nos seus últimos anos como repórter de automobilismo, Flávio Gomes se sentia extremamente cansado com a sua rotina. Após o acidente fatal de Ayrton Senna, pediu demissão e deixou o cargo. Questionado sobre os limites e a conciliação da vida pessoal com a carreira, respondeu:
“É muito pessoal mesmo. [...] Acho que não há um padrão. Eu posso falar de mim: eu já ‘tava há dezoito anos viajando, praticamente semana sim, semana não, [...] e há um esgotamento físico. Não estamos falando de alguém que morasse em Londres e por metade do campeonato fizesse viagens curtas, de uma hora e meia, duas horas de voo. As minhas viagens eram todas muito longas, todas. Exceto o Grande Prêmio do Brasil, ou quando tinha corrida na Argentina …e acabou. No mais, as minhas menores viagens levavam doze horas de avião. E é muito cansativo. [...] E o campeonato foi esticando, ‘né? Quando eu comecei a fazer Fórmula 1, tinha dezesseis corridas. Hoje são vinte e duas.”
O ECOcast é um projeto dos alunos do primeiro período de jornalismo na disciplina Laboratório I. Para mais informações, curiosidades e histórias da sua rica carreira jornalística, ouça a entrevista completa do Flávio Gomes ao ECOcast aqui.
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