Elisa Donato
(G1 / Imagem: Reprodução)
Com duração média de cinco minutos, o que, felizmente, não mata ninguém de tédio, o Funciona Assim aborda o básico da política de forma leve e didática, nos momentos mais oportunos, como o período eleitoral. Produzido pelo G1 e narrado por Luiza Tenente, Paula Paiva Paulo, Gabriela Gonçalves, Carol Prado e Clara Velasco, o podcast é, sem dúvidas, um show de representatividade feminina em um tema ainda muito dominado pelos homens. E eu espero que continue assim.
Para mim, é quase impossível manter a atenção num só assunto por mais de 15 minutos, então isso já entrega que eu não sou uma grande fã de podcasts. Admiro quem consegue passar mais de uma hora com olhos fechados escutando e absorvendo atentamente o tema (ou quem consegue realizar mil afazeres e ainda prestar atenção no que escuta), mas eu não sou assim… e não estou sozinha nessa. Ao levar em conta essa “limitação”, um tema tão relevante, voltado para um público-alvo tão abrangente (eleitores), não deveria, de fato, passar de dez minutos. Pontos para o Funciona Assim, que mal passa de cinco!
Além de uma fluidez prazerosa, a narração e o roteiro são capazes de explicar o que é fundamental saber antes de votar, sem passar a sensação de estar incompleto, mas também sem deixar a impressão de que aquilo é tudo. Aos que se interessarem mais, há uma imensidão de livros, vídeos, revistas e até outros podcasts para se aprofundar em política. Aos que não se interessarem, saberão o suficiente para não reproduzir que, por exemplo, o presidente está acima de todos, em qualquer poder.
Embora o Funciona Assim seja uma ótima referência, ainda sinto que, por melhor que seja feito, não consegue cumprir corretamente sua função social. Quando terminei de escutá-lo, tudo que passava pela minha mente era: por que foi escolhido esse formato? Incoerente pensar que um tema como política básica seja tratado de forma excepcional, mas apenas para um pequeno grupo elitizado que conhece e tem o costume de escutar podcast, além de muitas plataformas de reprodução serem pagas. Apesar da iniciativa inovadora, foi mantido o costume de dificultar o acesso das classes mais baixas ao conhecimento.
Por outro lado, mesmo que o alcance não seja tão expressivo onde mais deveria ser, com toda essa qualidade, por que não recomendá-lo ao máximo de pessoas que puder? Quando não sabemos como deveria funcionar o exercício da democracia no nosso próprio país, somos alvos fáceis de manipulação, como vemos em todo período eleitoral, e ela só “funcionará assim” quando todos os brasileiros tiverem oportunidade de aprender sobre esse tema. Então, espero pelo dia em que Funciona Assim seja um fato, não uma utopia.
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