O jornalismo se tornando capaz de mudar atitudes e promover identificação com outras realidades pelo transporte virtual.
Brenda Felipe
Foto: Reprodução Site Petrobras
A realidade virtual, conhecida como máquina da empatia, é capaz de gerar aproximação e maior identificação entre o espectador e o contexto no qual está inserido virtualmente, permitindo que o público sinta arrepios, medo, angústia ou até se emocione após o término da prática jornalística imersiva. O aperfeiçoamento do senso de humanidade e a constante necessidade de se ter empatia provocados por essa tecnologia propiciam uma maior conscientização acerca de questões ainda problemáticas na sociedade por não chamarem a atenção da população.
Alguns dos tópicos essenciais para se abordar de forma imersiva são certos problemas ambientais, como as queimadas, os desmatamentos e os assoreamentos dos fluxos de rios, pois são capazes de mobilizar pessoas a repensarem seus hábitos. É importante considerar que esses dispositivos, com o auxílio da representação tridimensional, podem nos inserir em cenários distópicos, destruídos pela poluição das águas e dos solos, ou em realidades utópicas, nas quais as temáticas ambientais de caráter grave hoje já foram solucionadas ou estão em equilíbrio e as experiências por quem se insere nessas realidades são consideradas únicas.
Pensando em inovar no âmbito jornalístico, o National Geographic produziu uma minissérie de quatro episódios, denominada de The Okavango Experience, com vídeos em 360 graus para surpreender os amantes da natureza e assustar aqueles que negligenciam o cuidado com o meio ambiente. Nesse projeto, o programa de televisão deixa o controle do episódio com o espectador, permitindo que ele explore a savana angolana sob diferentes perspectivas, sendo possível ele sentir zebras respirando bem de perto, conduzir uma canoa ao longo do rio Delta e até se sentar no gramado com os acompanhantes dessa aventura. Desse modo, o indivíduo imerso nessa realidade é capaz de conhecer sua fauna, sua flora e seu clima, além de ter acesso às grandezas naturais desse ecossistema.
© You Tube: National Geografic
A partir do contato da audiência com esses panoramas virtuais, o que se espera é que os sentimentos gerados pela participação do público possam transformar a atual situação das questões que prejudicam o meio ambiente e também despertar a curiosidade de pesquisa para refletir sobre possíveis intervenções. A necessidade de mudança levantada pelo público após o envolvimento emocional com cenários são ótimos indicadores de transformação e propiciam um clima de otimismo na comunidade científica ambiental, por projetar que as próximas gerações também possam vivenciar o que o meio ambiente nos oferece.
Com o objetivo de promover engajamento e mudar o caminho narrativo, diversos jornais, como The New York Times, O Estado de São Paulo e o The Guardian, estão apostando na estratégia de utilizar a realidade virtual a favor da abordagem jornalística contemporânea. A experiência do interator se mostra, muitas vezes, indescritível por ser considerada uma mistura de estranhamento e deslumbramento com o cenário em que está imerso. Nesse sentido, um inquietamento dos jornalistas é colocado em debate: Será o Jornalismo Imersivo capaz de conscientizar pessoas e ser um aliado dos veículos informacionais?
Pesquisas, como as realizadas pela Intercom, indicam que o investimento nessas tecnologias é promissor e que esses recursos são fundamentais para compreender o grau de tomada de decisão do público. Entretanto, o resultado será visto a longo prazo, pois depende das circunstâncias e da democratização dessas técnicas, mas podemos considerar esse avanço como uma ótima notícia.
Dessa forma, mantenha o otimismo e confie no poder empático, conscientizador e transformador da Realidade Virtual!
Para saber mais sobre essa tecnologia, clique aqui: https://www.pitacosufrj.com/post/os-novos-sentimentos-do-jornalismo-imersivo
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