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O barato da Vasconha e a inclusão vascaína

Torcida cruzmaltina leva para os estádios a luta pela legalização da maconha no Brasil, além da inclusão da comunidade LGBTQIA+


Jorge Baldner


Imagem: Reprodução/Museu da Pelada


Criada na década 90, uma torcida organizada do Vasco entrou em evidência nos últimos meses: a Vasconha, que defende o uso da Cannabis sativa. Esse “hype” foi gerado, principalmente, pelo comunicador Casimiro Miguel (streamer da Twitch), ilustre torcedor vascaíno com quase três milhões de seguidores nas redes sociais.


A torcida, que começou com um grupo de 20 amigos que tinham em comum o amor ao Vasco e o hábito de fumar maconha, criou seu lema: “Com o Vasco, de ponta a ponta”. Assim, a Vasconha é a principal torcida do país na luta pelo direito da legalização, uma vez que possui o alcance necessário e se faz presente em todos os quatro cantos do país.


Torcida cantando música da Vasconha durante o jogo em São Januário — Vídeo: Peleja

No jogo contra o Brusque (26/05/22), após os cantos da Vasconha terem vazado na transmissão do Grupo Globo, diversos portais de notícias esportivas começaram a falar sobre a torcida. Hoje o tema da legalização da maconha é pouco abordado pela mídia tradicional, mas a torcida já foi citada em outros veículos da imprensa


Mesmo o Vasco sendo um dos clubes mais ativos nas mídias sociais e nas pautas de inclusão, o clube até o presente momento não se pronunciou sobre a Vasconha. Mas vem se destacando em ações em prol da causa LGBTQIA+: o clube já lançou duas camisas em homenagem à causa e que serviram em forma de protesto contra a homofobia no país.


A primeira camisa que foi lançada tinha a tradicional faixa transversal (que é branca) nas cores da bandeira LGBTQIA+. A camisa rapidamente caiu nas graças dos torcedores e foi recorde de vendas. A segunda camisa teve a logomarca do fornecedor de material esportivo com as cores da bandeira.


O Vasco sempre foi pioneiro no que diz respeito a temas de inclusão e igualdade. O Club de Regatas Vasco da Gama chegou a ser excluído de uma competição dos grandes times cariocas pelo fato de ter jogadores negros no seu elenco. No dia 7 de abril de 1924, o então presidente do Vasco, José Augusto Prestes, deu a resposta histórica: uma declaração que repudiava a exclusão dos negros presentes no elenco cruzmaltino.

Documento que repudia a decisão da AMEA — Foto: Club De Regatas Vasco Da Gama


Por causa da decisão de manter os atletas negros no time, o Vasco ficou anos sem disputar jogos contra os grandes clubes da época. Em 1927, era grande a pressão popular era para que o clube cruzmaltino voltasse para o panteão dos grandes. Com isso, o Vasco não apenas voltou a confrontar os grandes do Rio de Janeiro, como também construiu o maior estádio do Brasil na época, São Januário, com a ajuda da própria torcida. Ali nascia um novo marco para o esporte e para a sociedade: a certeza de que valia a pena lutar pela inclusão e de que o Vasco era e sempre seria um lugar para pautas importantes, seja em 1924 ou em 2022.



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