Além do universo fashion, podcast da revista Elle Brasil toca em assuntos atuais buscando a diversidade social
Alan Souza
Pivô, no sentido figurado, significa a causa principal de algo existir. Por exemplo, a pergunta: “por que falar de moda?” é um dos questionamentos que o podcast Pivô, da revista Elle Brasil, tenta responder a cada edição. Apresentado pelos jornalistas Patrícia Oyama e Gabriel Monteiro, o programa coloca em evidência que a moda está em todo lugar e que todos podem tê-la. “Porque a Elle [...] fala da moda como business, mas também como cultura e, principalmente, como ferramenta de expressão individual”, disse Susana Barbosa, diretora da publicação na apresentação do podcast.
(Divulgação do retorno da revista em 2020/Imagem: Divulgação)
Após um longo período fora do mercado editorial brasileiro, a revista Elle, cultuada pelos amantes da moda, voltou a ser comercializada em maio de 2020. Esse retorno surpreendeu as redes sociais, principalmente pela nova roupagem com que veio, numa pegada muito mais moderna. No entanto, uma das maiores novidades desse retorno ocorreu quando, no final de maio, ela lançou o Pivô.
Com episódios lançados toda segunda-feira, o programa tem como objetivo debater temas atuais que influenciam a moda e a sociedade como um todo. E apesar de sempre iniciarem com uma temática principal, Patrícia e Gabriel contam também as principais notícias da semana de um jeito descontraído, com comentários de colunistas da Elle e outros profissionais do mercado. Acrescenta-se uma pitada de glamour nos 20 minutos, aproximadamente, de edição com memes e músicas, como a eletrizante “Heart of Glass”, da banda Blondie, ou as pops de Rihanna.
Enquanto a maioria das publicações do ramo são voltadas para mulheres, o Pivô é um podcast que gosta de conversar com vários grupos e muitos gostos. Durante o primeiro episódio, Susana Barbosa até se direciona às “leitoras” da revista, mas no decorrer das edições há uma clara tentativa de se aproximar de outros públicos também. O episódio “Moda é coisa de viado?” é só um exemplo - e já demonstra uma inclinação à comunidade LGBTQI+, que é importante para o universo fashion. Jornalistas em formação têm muito a aprender com essa abertura à pluralidade, já que são fundamentais na criação de uma cultura sem preconceitos principalmente nos meios de comunicação.
Outra causa para se debater moda é a desmistificação dos conceitos que a consideram inútil. E o Pivô prova que realmente não é. Quando falou da urgência do movimento Black Lives Matter, mostrou como era importante o apoio das casas de moda à causa antirracista (ep. 2). No caso do vazamento de dados de usuários do Facebook, também revelou a importância da indústria, quando esta boicotou a rede social em junho deste ano (ep. 12). São exemplos assim, próximos da realidade e muito atuais que o Pivô já coleciona nos seus 18 programas.
(Print da página do Pivô no site da Elle Brasil)
Dentro do aspecto de se aproximar cada vez mais do público, esse podcast fala abertamente da moda periférica, quando há uma forte tendência do jornalismo de moda a ser mais elitista e próximo das grifes de luxo. Essa democratização é algo a ser expandido. E estudantes de jornalismo podem aprender muito com tudo isso, até porque não há lógica uma publicação que visa vários setores sociais não se comunicar com todos eles.
Num mundo tão diverso e vasto, a essencialidade de produtos como o Pivô é inquestionável, tanto para a sociedade quanto para o jornalismo profissional. Porque a fresta que Elle abre em seu podcast direciona o olhar para a pluralidade e a democracia, que costuma abraçar diferentes pessoas. É um ensinamento não só de que moda é para todos, mas de que o jornalismo também precisa conversar com a diversidade de públicos. Essa é a causa principal de seu existência.
Link da página do Pivô: https://elle.com.br/tag/piv%C3%B4
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