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Repórteres contam suas experiências em matérias que mapeiam os negócios da milícia

Atualizado: 9 de out. de 2020

Jornalistas colocam em pauta o caminho percorrido na apuração de fatos e expõem o real combustível da profissão: a busca pela verdade

Alan Souza


Como parte da programação de sexta-feira, 11, o 15° Congresso da Abraji colocou em pauta o “Mapeamento das milícias”. A live ocorreu às 15:30, horário de Brasília, e foi mediada por Henrique Coelho (G1), contando com a presença de Lola Ferreira (Revista Gênero e Número) e Igor Mello (UOL), que se dedicaram a escrever reportagens sobre as organizações criminosas que exercem poder sobre algumas áreas no Rio de Janeiro. Eles contaram suas experiências e demonstraram o valor que o jornalismo tem para a sociedade.



(Imagem: Reprodução)


“A mão invisível da milícia”, desenvolvida pelos repórteres Lola Ferreira e Igor Mello para o UOL, foi o grande destaque. Esta é uma grande reportagem que explicita como a organização paramilitar age principalmente nas regiões periféricas e que evidencia o tratamento diferenciado que recebe da polícia. Os dois profissionais contaram suas experiências na produção desse árduo trabalho, que muitas vezes sofre com a falta de dados. “A gente tem muita dificuldade de encontrar dados, porque parece que estão escondidos ou sequer existem”, lamentou Lola e continuou: “Isso é um perigo, porque em 2020 a milícia está dominando muitíssimo e, se não fosse a imprensa, a gente não conseguiria entender”. Essa motivação na procura por dados e pela verdade, além de ser de utilidade pública, representa um estímulo para futuros jornalistas, que poderão replicar a atitude em relação a outros assuntos que também precisam de esclarecimentos.


Investigar assuntos mais complexos mostra como o jornalismo ajuda na elucidação e compreensão dos fatos para a sociedade. A milícia, grupo organizado que, criminalmente, domina regiões marginalizadas e age com base na extorsão de comerciantes, venda ilegal de serviços e até no tráfico de drogas é um desses assuntos. E é na reportagem de Lola Ferreira e Igor Mello, por exemplo, que se identificou uma política de não operar em flagrantes contra milicianos, coisa que acontece com o tráfico e facções. Essa constatação surge a partir de dados que revelam que a milícia age em 40% do território da cidade, mas só 3% dos confrontos com policiais ocorreram nessas áreas. Essas informações estão todas evidenciadas num mapa que contém endereço, data e hora dos tiroteios.


Henrique Coelho mediava o encontro, mas também contava suas experiências como jornalista investigativo. Sua reportagem “Franquias do crime”, produzida em parceria com seus colegas de equipe e publicada no G1, relata o “pacto de não agressão” existente entre as milícias da região metropolitana. Os grupos, subordinados em sua maioria ao de Campo Grande, Zona Oeste da cidade, não fariam, portanto, ataques aos outros bandos de paramilitares.


O jornalismo investigativo, que foi o tema principal do congresso realizado nos dias 11 e 12 de setembro, tem nos trabalhos expostos pelos três jornalistas seu modelo mais atual. É a busca cada vez mais incansável pela verdade o que motiva a continuação da apuração dos fatos e que ajuda sempre a sociedade a entendê-los.

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