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“Uma Manhã Gloriosa”: um bom copo de água com açúcar

por Elisa Donato


(Paramount Pictures / Imagem:Reprodução)


Iniciando com um dos maiores desafios do jornalismo - o desemprego -, o filme Uma Manhã Gloriosa (Morning Glory, 2010) conta a história de uma jovem que está disposta a fazer de tudo por uma oportunidade. Dirigido por Roger Michell e com roteiro de Aline Brosh McKenna, o longa gera uma certa empatia, afinal qualquer um poderia estar no lugar de Becky Fuller (Rachel McAdams).

A primeira questão abordada pela narrativa é a competitividade na carreira. Fuller é demitida não só pelo corte de gastos de sua antiga emissora, mas também porque o novo contratado foi aluno de uma universidade da Ivy League: Columbia. Essa era uma vantagem que ela não tinha. Assim começa a sequência de tentativas frustradas de conquistar um emprego.

Com perseverança e um equilíbrio psicológico de dar inveja, Becky se torna a nova produtora do Daybreak, um programa matinal beirando o cancelamento. Como se os problemas estruturais não fossem suficientes, para ser inovadora e conquistar sua equipe, ela contrata um novo âncora, o renomado e ranzinza jornalista Mike Pomeroy (Harrison Ford).


(Âncoras do Daybreak / Imagem:Reprodução)


O conflito de Pomeroy com Colleen Peck (Diane Keaton), que passava a maior parte do programa cozinhando e fazendo piadas na bancada, traz ao filme uma clássica pergunta: jornalismo e entretenimento podem ocupar o mesmo lugar? É aqui que eu começo a questionar as atitudes da protagonista. Em uma tentativa desesperada de conquistar audiência, Becky transforma o Daybreak em puro sensacionalismo, em nome do entretenimento. O exagero fez notícias importantes ficarem perdidas entre a apresentadora beijando um sapo e lutando sumô e o repórter passando mal numa montanha-russa. Não é surpresa que ela alcance a meta, mas precisa imbecilizar tanto o público-alvo?

Após revitalizar o programa, a produtora recebe uma proposta no seu emprego dos sonhos. E não aceita. Isso me gerou um certo desconforto, como futura jornalista que adoraria receber tal oportunidade, já que ela fica no Daybreak apenas por laços emocionais, não porque é a melhor opção para a carreira dela. Além disso, Fuller sofre chantagem pelo seu âncora, o qual, de repente, começa a demonstrar que não seria mais tão ranzinza se ela ficasse e sua escolha parece carregar um peso de “abandonar” sua equipe.

Por outro lado, a parte romântica da comédia, embora pouco relevante, flui com bastante naturalidade. Em momento algum Adam Bennett (Patrick Wilson) deixa de apoiar a namorada e entender as dificuldades da profissão, até porque ele também era jornalista. Adam e Becky chamam atenção para um ponto delicado da vida de um workaholic: como impor limites no trabalho para não afetar os relacionamentos? Ela precisou da ajuda dele para tomar coragem e "colocar o celular na geladeira". A ideia de que eles se complementam, mesmo sem serem dependentes, fica bem clara ao longo do filme.

Apesar de ter altos e baixos, Morning Glory manteve minha atenção por se tratar de uma história de sucesso,talvez pouco provável, mas não impossível de acontecer. Rachel McAdams ilustra perfeitamente a paixão de uma criança que cresce com o sonho de ser jornalista e a força de uma profissional que ama o que faz. O longa é um clichê moderno, bem previsível e água com açúcar. Um bom copo de água com açúcar.

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