Isabella Albertini, Nina Ribeiro e Juliana Brum
Imagem: Reprodução/Instagram
"A gente vive em um ambiente machista, mas às vezes as mulheres também corroboram com esse ambiente. Corroboram a partir do momento que você sai de um jogo e tem um monte de mulher de shortinho esperando os jogadores na saída, a partir do momento em que a mulher sai com jogador para conseguir uma informação, então até para você construir essa credibilidade você tem que ter essa postura, se não você não sobrevive." É assim que a jornalista Vanessa Riche analisa sua trajetória e o panorama machista do meio do futebol. Apresentadora da VascoTV, Vanessa foi a convidada do oitavo episódio da terceira temporada do ECOcast, projeto dos alunos do primeiro período de Jornalismo, na disciplina de Laboratório de Texto I.
A jornalista começou sua carreira no rádio, mas logo se juntou à Globo News, canal em que passou cinco anos. Depois, se transferiu para o SporTV, onde diz ter encontrado um ambiente majoritariamente masculino. Segundo ela, sua humildade a ajudou nesse novo momento da carreira: "Eu não tinha uma marra de 'eu sei tudo', porque eu estava entrando em um ambiente em que todo mundo cresceu acompanhando futebol e eu não."
Em sua avaliação, qualquer descuido pode colocar a carreira de uma jornalista a perder: "A partir do momento em que a gente passou a ter voz, só sobrevive se tiver postura, porque é um ambiente desse tamanho (pequeno). Se você sai com um jogador, todos ficam sabendo. Então tudo que você construiu, por mais que você seja ótima profissional, vai por água abaixo, porque o que vão dizer é que fulano só falou com a jornalista tal porque ela saiu com ele. É assim que funciona, infelizmente."
A entrevistada conta já ter ouvido muitas falas extremamente machistas e carregadas de violência na redação: "Poxa, como você engravidou agora? Vem uma Copa do Mundo", "Um jogador não quer falar? Manda uma mulher que ele fala!" e "Tinha que ser mulher pra fazer um negócio desse!".
Vanessa também lembrou como foi ter sido vítima de assédio de um torcedor durante a cobertura da Eurocopa de 2012, na Polônia:
"Naquela situação específica, eu te confesso que senti uma raiva muito grande, senti uma impotência muito grande, vou fazer o quê? Bater naquele cara? A vantagem é que essa imagem está no Youtube, então as pessoas podem ver ali o momento. Mas não resolve, né? Porque a cultura do futebol ainda é muito machista."
A jornalista diz que, daquela época para hoje, houve uma mudança importante: "Naquele período, 2012, a gente sabia que era vaiada nos estádios, sabia que existia um preconceito muito grande, mas a gente não falava muito sobre esse assunto. Foi muito bom porque o tempo passou e a gente falou mais."
Atualmente, além de apresentadora da VascoTV, Vanessa tem um canal no Youtube, em que fala de futebol com as novas gerações de torcedores. “Uma mesa redonda diferente, que vai ter humor, ensinamentos, aprendizados”, define.
Confira a entrevista na íntegra aqui.
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